A sucção é muito importante para o recém-nascido, pois se trata de um reflexo inato que pode ser desenvolvido ainda dentro do útero. Este reflexo proporciona a sobrevivência e, durante a amamentação, estabelece uma relação afetiva entre o bebê e a mãe.
A amamentação natural é essencial não apenas para a nutrição, mas também para o fortalecimento do sistema imunológico e do sistema estomatognático (conjunto de estruturas envolvidas com as funções da boca e que compreende dentes, ossos, músculos, glândulas, nervos e articulações).
Na amamentação, ocorrem estímulos neurais que promovem o crescimento ósseo e muscular, importantes para a prevenção de problemas na mordida e alterações na posição da língua e dos dentes. Nos casos em que o desmame é precoce, o desenvolvimento oral pode ser alterado, causando prejuízos nas funções de fala, mastigação, deglutição e respiração.
Didaticamente, classificamos a sucção em duas categorias:
- sucção nutritiva: relacionada à alimentação da criança, como a amamentação.
- sucção não-nutritiva: quando não está relacionada à alimentação da criança, como a sucção de chupeta ou dedo.
De 0 a 18 meses de idade, o hábito de sucção é considerado fisiológico. É quando a criança vivencia a chamada “Fase Oral”. Nesta fase, além de satisfazer a fome e a sede, a boca também é importante fonte de prazer para o recém-nascido. É normal então sugar os seios da mãe, o dedo, a chupeta. O problema surge quando a sucção, principalmente a não-nutritiva, vai além desta fase, causando alterações no desenvolvimento da arcada dentária, como mordida aberta, mordida cruzada, estreitamento maxilar e respiração bucal.
Após os 4 anos de idade, é provável que essas alterações se tornem permanentes, necessitando de intervenção profissional e tratamento corretivo. A American Dental Association recomenda que a criança deixe o hábito da sucção até essa idade, para que os danos não sejam irreversíveis. A sucção do dedo costuma ser mais difícil de ser interrompida do que a sucção de chupeta. Algumas dicas para fazer a criança se livrar do hábito são:
- Não deixe de amamentar – a sucção existe principalmente para isso, portanto o bebê que recebe amamentação no peito pelo tempo ideal tem menos chances de desenvolver o hábito vicioso.
- Tente trocar o hábito de sucção do dedo pela chupeta – no mercado existem chupetas anatômicas que minimizam os danos. Além disso, a chupeta é um hábito mais fácil de ser removido.
- Para crianças abaixo de 2 anos, tente distraí-las com alguma atividade em que seja necessário o uso das mãos.
- Procure observar se o hábito ocorre durante o sono da criança. Nesse caso, retirar o dedo da boca após o bebê dormir pode ajudar.
- Conheça as causas do hábito – algumas crianças chupam o dedo por ansiedade ou insegurança. Neste caso, tenha muita paciência, carinho, diálogo e atenção com seu filho.
- No lugar de repreensões, prefira elogiar a criança quando ela não estiver chupando o dedo.
- Para crianças maiores, que já compreendem o que está sendo proposto, uma negociação de horários pode ser efetiva.
- Explique as alterações que podem ser causadas nos dentes e na arcada, mostrando em um espelho.
- Se o hábito persistir, pode ser feito um “curativo”, dizendo que o dedo está machucado, para que a criança perca o prazer pela sucção.
- Em casos mais graves, em que o hábito persiste após os 5 anos, pode ser necessário apoio profissional de dentista, fonoaudiólogo ou psicólogo.